Vereadora Maiara Felício é vítima de injúria racial nas redes sociais

A injúria explícita em rede social (Reprodução da web)


A vereadora Maiara Felício (PT), mais votada nas eleições municipais do ano passado em Nova Friburgo, com 1.870 votos, foi vítima nesta semana de injúria racial nas redes sociais e registrou nesta terça-feira, 9, uma ocorrência de injúria racial e difamação na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), para que medidas cabíveis sejam aplicadas, fazendo com que os direitos sejam cumpridos em busca na garantia de segurança. Segundo a Deam de Nova Friburgo, o caso foi registrado como injúria racial e as investigações estão em andamento.

De acordo com a vereadora, os ataques foram feitos após ela se posicionar contra a retomada das aulas presenciais no município. "A partir de um posicionamento meu acerca da volta às aulas, algumas pessoas sentiram a vontade de me ofender de maneira baixa nas redes sociais. A minha atitude vem para mostrar que internet não é terra sem lei e que a denúncia é a melhor ferramenta cabível para tal crime. Fui a Deam, registrei a queixa e convido você que de alguma forma sofreu por esse mesmo crime a denunciar. Injúria racial é crime. Calúnia e difamação são crimes", esclareceu a parlamentar nas redes sociais. 

Em um vídeo postado por ela logo após fazer o registro de ocorrência na delegacia, ela relata que: “... Eu vim aqui registrar e fazer garantir meu direito, que não é exclusivamente meu. Toda a violência que nós sofremos precisa ser denunciada. Não é a primeira vez que isso acontece na minha vida de sofrer crime de injúria racial, calúnia e difamação. A gente, às vezes, deixa passar. Eu não estou fazendo isso aqui só pela Maiara Felício, mas por todas as pessoas que sofrem violência dentro de casa e na internet e muitas vezes deixam de denunciar por medo ou outra circunstância. O nosso direito tem que valer e eu vim aqui denunciar em nome de todas e todos nós que sofremos”, disse.

Entre os comentários racistas, um internauta chamou a vereadora de “negrinha” e a mandou ir “tomar banho” em seguida. Já outro usuário comentou que Maiara quer aparecer e que ela poderia até “roubar a merenda das crianças”.

Câmara e PT emitem notas 

Em nota oficial, a Câmara Municipal esclarece que, "quanto ao crime de injúria sofrido pela vereadora Maiara Felício, a Câmara lamenta o ocorrido e repudia veementemente qualquer tipo de conduta discriminatória seja por raça, credo, cor ou quaisquer outras formas de discriminação. Além disso, o Poder Legislativo friburguense, na figura de seu presidente, vereador Wellington Moreira, se solidariza com a parlamentar e se coloca à disposição para ajudar no que for necessário.”, diz a nota.

O presidente da casa também se manifestou: “Não cabem mais atos como este em pleno século 21. Eles são inadmissíveis e vergonhosos para uma sociedade. Estarei em nome da Câmara e em meu próprio nome ao lado da vereadora Maiara até o final da apuração desse ato covarde. Que a justiça se faça com toda força da lei e que o caso sirva de exemplo e seja um ponto de mudança de comportamento dentro da nossa cidade”, ressaltou Wellington Moreira. 

A direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota de repúdio nas redes sociais sobre os ataques sofridos pela parlamentar: "Mais uma vez chega ao conhecimento da direção estadual do PT/RJ ataques racistas contra nossos(as) parlamentares, dessa vez os ataques foram contra a vereadora Maiara Felício, de Nova Friburgo. A vereadora, que é presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, postou um vídeo em suas redes sociais criticando o decreto municipal 891 que dispõe sobre a retomada das aulas presenciais em Nova Friburgo, apresentado pelo Poder Executivo local. Tal decreto sequer levou em conta o minucioso estudo que vinha sendo elaborado pelas entidades de educação locais. Maiara ressaltou que o retorno das aulas, sem uma infraestrutura adequada, aumentaria o número de contágios da Covid-19. Maiara teve seu vídeo vinculado em uma página da rede social e foi vítima de diversos comentários racistas. ⁣Essa situação expõe o desapreço pelo espaço público democrático, pelo pensamento, pela educação pública de qualidade e pela saúde da população friburguense. Nós da Direção Estadual do Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro manifestamos nosso total repúdio pelo ocorrido e esperamos que os responsáveis pelos ataques sejam identificados e respondam por suas ações, lembrando que, no Brasil, a lei 7.716/1989 tipifica o racismo como crime", esclarece a nota. 

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